quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A carta que não escrevi

Manaus, 19 de junho de 2008


Minha filha,
Ontem deixei você quase dormindo. Seu olhar estava cansado, distante. Saí preocupado, sei que tem sido difícil pra você. Tenha calma, tudo vai dar certo. Você tem lutado tanto! Sei que isso será recompensado e que em breve estaremos em casa. Eu, sua mãe e seus irmãos, não vemos a hora de estamos todos juntos novamente.
Ontem nos reunimos em oração. Nossa família e alguns amigos, todos juntos em uma corrente de oração pela sua recuperação. Pedimos a nosso Deus pela sua cura, foi um momento difícil, mas muito bom. A emoção tomou conta de todos. Foi gratificante saber que tantas pessoas estão pedindo a Deus por você.
O sangue que você tem recebido, foi doado em uma grande campanha junto a nossos amigos. Até seus tios doaram. Na empresa onde trabalhei por 10 anos, muitos tem ajudado. Fiquei emocionado em saber que, mesmo depois de ter saido de lá a tanto tempo, minha relação com eles ainda é muito forte.
Filhinha, papai tem feito de tudo pra que as coisas melhorem. O que está ao nosso alcance, temos feito. Mamãe esta muito tensa, esta muito preocupada com você. Principalmente depois do problema de ontem. Seu coração parou, mas graças a Deus, os médicos estavam atentos e conseguiram trazer você de volta. Foi um grande susto, mamãe estava lá fora e acompanhou tudo de perto.
Amanhã é domingo, dia de corrida na TV. Na próxima quero você em casa, vamos assistir juntos e torcer pelos brasileiros. Prometo que depois vamos passear no parquinho e ouvir os passarinhos cantarem, eles fazem uma barulheira pela manhã.
Não desanime, tenha força, não desita de lutar.
Fica com Deus filha, amanhã nos veremos de novo. Eu e mamãe estaremos ai pontualmente as 11h.

Um grande beijo e um cheirinho no "picosso"
Papai te ama muito.

***
Maria Antônia nos deixou no dia 20 de julho de 2008, às 8:45h. Hoje está completando 01 mês.
Quanta saudade filha!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Pedras

Recebi este texto de um grande amigo. Veio em um ótimo momento pra mim. Resolvi compartilhar com meus leitores. Obrigado Alex!

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar o autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma
É agradecer a cada manhã pela vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Texo de: Fernando Pessoa

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Saudade


Os dias e horas, os minutos e até mesmo os segundos se passam, de uma certa forma estão meio lentos por todo o vazio que se encontra dentro nós. Vazio da saudade da nossa Princesa, nossa Pequena Guerreira. Como a amamos e como estamos sofrendo com a sua ausência.
Hoje ela estaria completando 5 meses de vida. Lembro-me com muito carinho de cada gesto dela, cada olhar, cada lágrima, quando ela ficava brava porque queria colo ai eu falava pra ela: "Mamãe não gosta de moça bravona" e começava a brincar com ela até ela se acalmar e dormir. Como podemos um dia preencher o vazio que ela deixou dentro de nós? Como podemos continuar sem ela? O nosso grande Amor. Quando ela me olhava eu dizia pra ela: "Mamãe quer levar você pra tomar sorvete, passear de carro, tomar banho na piscina com seu irmão".
Nós tínhamos tantas coisas para fazer juntas filha...
A vida não é mais a mesma sem Maria Antônia. A dor da saudade se mistura com um sentimento de revolta, por termos lutado tanto, fizemos tudo que estava ao nosso alcançe e a perdemos. Foram tantos médicos, enfermeiros e técnicos envolvidos. Uma dedicação plena de todos e não conseguimos. A maldita cardiopatia nos derrotou e levou nossa princesa.
Algumas pessoas amigas nos falavam: Vocês são pessoas abençoadas por Deus. Deus não lhes daria um filho assim, se vocês não fossem capazes de lutar por ela. Tenham fé, e esperem no Senhor e tudo vai ficar bem.
Hoje nos falam: Vocês são pessoas abençoadas por Deus. Foi melhor assim, Deus sabe o que faz. Certamente existe um grande propósito de Deus para as suas vidas. Por mais difícil de seja, Deus não faria isso com alguém que não pudesse suportar, que não tivesse o equilíbrio necessário para lidar com essa situação.
O que fazer agora? Como conviver com essa dor, essa saudade?. Acho que não há respostas porque não há a coisa certa a ser feita. Tenho visto associações de pais que se reúnem para falar dos filhos que perderam. Minha Avó aos 85 anos ainda chora ao falar do seu primeiro filho que faleceu ainda criança. Muitos jamais se recuperam de tamanha ferida, é como uma ferida que não sara.
Que nos ajude a sarar esta ferida.

Baseado em um depoimento de Maria Pereira.
Escrito por: Ed Britto

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Quer tomar um café comigo?

A dez anos eu disse sim a essa pergunta. Foi o café mais gostoso que já tomei. Seu aroma, seu sabor e seu calor ainda estão vivos em minha memória. Aceitar este convite talvez tenha sido a decisão mais sábia da minha vida. O desejo de reconstruir a minha vida e ter novamente alguém a quem amar e cuidar, nasceu no momento de dizer “sim, eu quero tomar um café com você”.

Maria me fez esse convite em um casual e abençoado reencontro. Apesar de todo esse tempo, acho que ela ainda não tem a real dimensão do quanto isso mudou a minha vida. Então eu vou tentar dizer outra vez:

Minha Marri, hoje, 13 de agosto de 2008, faz exatamente 10 anos que iniciamos a nossa vida juntos. Nesse tempo tivemos que aprender muitas lições, dividimos experiências de vida e realizamos sonhos. Construímos um novo lar, nosso canto, nosso espaço. Curtimos a vida, nos amamos muito. Pedimos a Deus que nos abençoasse com frutos desse amor, tivemos filhos e com eles uma nova missão: Ser pais quando ainda estávamos aprendendo a ser filhos.

Agora sou eu quem te faz o convite. Quer tomar um café comigo? Acredite. Você não vai se arrepender. Venha comigo sentir o aroma, o sabor e o calor do meu amor por você, pelos próximos 10, 20 ou 30 anos ou pelo tempo que nosso Deus nos permitir. Te amo Menina!